sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

[Miss you]




Trancar o dedo numa porta dói. Bater com o queixo no chão dói. Torcer o tornozelo dói. Um tapa, um murro, um pontapé, doem. Dói bater a cabeça na esquina da mesa, dói morder a língua, dói cárie e pedra no rim. Mas o que mais dói é a saudade. Saudade de um irmão que mora longe. Saudade de uma brincadeira da infância. Saudade do gosto de uma fruta que não se encontra mais. Saudade do pai que morreu, do amigo imaginário que nunca existiu. Saudade de uma cidade.Saudade das pessoas mesmo, que o tempo não perdoa. Doem essas saudades todas. Mas a saudade mais dolorida é a saudade de quem se ama. Saudade da pele, do cheiro, dos beijos. Saudade da presença, e até da ausência consentida.Tu podias ficar na sala e eu no quarto, sem nos vermos, mas sabiamos que estavamos lá. Tu podias ir ao dentista e eu para a escola, mas sabiamos onde nos encontrar. Tu podias ficar o dia sem me ver, eu o dia sem te ver, mas iriamos estar juntos amanhã. Contudo, quando o amor de um acaba, ou torna-se menor, ao outro sobra uma saudade que ninguém sabe como deter. Saudade é basicamente não saber. Não saber mais se continuas resmungão quando estás mal disposto. Não saber se continuas a reclamar da comida da tua avó. Não saber se ainda usas aquele casaco. Não saber se foste à consulta como prometeste. Não saber se tens comido bem, se continuas a gostar de drum, se ainda tens aquela loucura pelas motas especialmente pela tua, se continuas a sorrir com aqueles olhinhos apertados muito pequeninos, se continuas a cantar tão mal, se continuas a amar. Saudade é não saber mesmo! Não saber o que fazer com os dias que ficaram mais compridos, não saber como encontrar tarefas que me ocupem o pensamento, não saber como controlar as lágrimas diante de uma música, não saber como vencer a dor de um silêncio que nada preenche. Saudade é não querer saber se estás com outra pessoa, e ao mesmo tempo querer. É não saber se estás feliz, e ao mesmo tempo perguntar a todos os amigos por isso... É não querer saber se estás mais magro, se estás bem. Saudade é nunca mais saber quem se ama, e ainda assim doer. Saudade é isto que senti enquanto estive a escrever, o que tu, provavelmente, está a sentir agora depois que acabaste de ler...

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